
O Mia Couto caminha para tornar-se uma Clarice Lispector que virou Clarice Lispector da Internet ainda EM VIDA
Deve ser um sintoma da fase terminal do debate público a novelização, a pessoalização: toda e qualquer causa parece precisar de um mártir, de uma narrativa espetacular. Pelo contrário, é exatamente assim que se pode fragilizar uma causa que é de muitos – quase todos. O debate em si é rebaixado, assim como os verdadeiros heróis, aqueles que produzem os melhores argumentos – científicos ou políticos. Onde estão os cientistas, climatologistas? Onde estão Naomi Klein, AOC e Bernie Sanders com seu Green New Deal? Eles, sobretudo, porque entendem que essa causa é sobretudo política e dum viés classista: os efeitos catastróficos da mudança climática são conhecidos pela indústria do combustível fóssil há décadas, e conscientemente soterrados com desinformação e lobby. Tampouco a direita, a elite no poder, o capitalismo financeiro os desconhecem: apenas os acomodam confortavelmente em suas equações de manutenção da hegemonia. O problema, do viés dos poucos no andar de cima, pode ser resolvido como sempre: com desigualdade. Eles não terão a dificuldade dos pobres de Bangladesh ou New Orleans para se deslocar. Eles lucrarão negociando terras que se tornarão agriculturáveis, na Sibéria, Canadá ou Groenlândia. Eles verão tudo de confortáveis terraços, enquanto milhões guerreiam por água ou são desalojados por ela.
Aprendam a driblar o espetáculo e a impostura midiática: a arma possível para os debaixo ainda é somente a união classista, a política.
Em agosto de 2018, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 2a. Região, reconheceu vínculo empregatício entre um motorista e a Uber. “Se se tratasse de mera ferramenta eletrônica, por certo as demandadas não sugeririam o preço do serviço de transporte a ser prestado e sobre o valor sugerido estabeleceriam o percentual a si destinado”, escreveu a desembargadora Beatriz de Lima Pereira em sua decisão. “Também não condicionariam a permanência do motorista às avaliações feitas pelos usuários do serviço de transporte. Simplesmente colocariam a plataforma tecnológica à disposição dos interessados, sem qualquer interferência no resultado do transporte fornecido.” A Uber recorreu, mas a discussão e a batalha jurídica parece estar só começando.Como trabalhadores de app se aproximam do sindicalismo: Camilo Rocha conta, no Nexo, que sindicatos estão começando a apoiar motoristas na Califórnia – e em diversas cidades brasileiras: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2019/09/08/Como-trabalhadores-de-app-se-aproximam-do-sindicalismo
The /e/ Google-free, pro-privacy Android clone is now available | ZDNet
https://www.zdnet.com/article/the-e-google-free-pro-privacy-android-clone-is-now-available/
Eis um slogan restauracionista

Tem aquela passagem clássica de Adorno, que, entrevistando um maquinista de trens que levavam a Aushwitz, obtém em síntese um “Eu apenas gosto de boas máquinas”
